A implementação de processos padronizados e automatizados, usualmente, é vista, por um equívoco conceitual, de forma preconceituosa pelos escritórios e empresas que possuem atuação jurídica estratégica.
O mercado jurídico já assimilou que, para o contencioso massa – ou de volume, ou de escala –, essas ferramentas (padronização e automatização) são essenciais e geram uma série de benefícios, inclusive técnicos.
Todavia, quando falamos de sua utilização em escritórios e departamentos jurídicos de empresas que possuem como característica principal, ou única, a advocacia estratégica (foco em consultivo, menor número de demandas e tratamento de questões jurídicas mais complexas e/ou com maiores valores em discussão) a adoção desses métodos não é valorizada e, em alguns casos, chega a ser vista como contrária à cultura do “atendimento diferenciado e individualizado”.
Isso se deve, retornando à ideia inicial do presente artigo, a um equívoco conceitual que gera preconceito, pois muitos acreditam que a padronização e a automatização reduzem a qualidade técnica e retiram a característica de individualidade da produção jurídica.
Esse conceito (equivocado, como já dito), entretanto, não considera o fato de que existem níveis e formas de padronização e automatização diversos, e que a ausência dessas ferramentas torna a gestão dos processos de negócio ineficaz, e, até mesmo, inexistente.
Algumas rotinas podem e devem ser padronizadas e automatizadas, visando: a redução/eliminação de falhas e dos prejuízos delas decorrentes; a otimização do tempo da equipe; a melhoria dos resultados, financeiros e de performance, bem como viabilização da sua mensuração; a facilidade na fixação de procedimentos e na transmissão de tarefas; dentre outros benefícios.
Assim, é inegável que a padronização e automatização de processos são imprescindíveis também para as instituições que atuam na área jurídica estratégica, e devem ser adotadas em níveis adequados, que garantam todos os benefícios que podem gerar, sem prejudicar os seus diferenciais próprios.
E para a se alcançar processos mais eficientes, que possam ser padronizados e automatizados, trazendo ganhos reais, a implementação da Gestão Por Processos, através da utilização da metodologia de BPM-Business Process Management (Gerenciamento de Processos de Negócio) é o meio adequado. Com um projeto bem executado, além da otimização e sistematização das rotinas atuais, o ciclo de melhoria contínua agregará muito valor e resultados à organização.
Autor: Ricardo Oliveira